sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Mozaico

Múltiplos lados
De lâminas
Refletem os Eus
Não tem caminho seguro
Para quem é feito
De desmedidas ruas
Poesias de encontros

O plural
Esse,
Que urge espaços
Que não se encerra
Que é não todo

Que não me permite
Ser só
Uma pessoa

sábado, 21 de outubro de 2017

Transgressão

Duas mulheres
Ao se beijarem
Transgridem
O patriarcado
Ao potencializarem
Suas flores
Duas Mulheres

terça-feira, 17 de outubro de 2017

O que pode um não

Na cadeira daquele silêncio apunhalador
Ele me implorava com os olhos
E seduzia com as palavras
"É um castigo, não conosco, mas com os Deuses que deram ato a esse encontro"
- Ofereci a ele o que ele não pedia: Meu desejo recolhido
Até vê-lo secar por dentro

Como redigir a memória?
Seu rosto parecia derreter
O corpo embrulhou
Sustentei o olhar
Com minhas jabuticabas do desejo cantarolava-lhe meu sim
Minha boca profana agudizava meu não

Ele, pisoteado pelo seu ego me falou:  "Gotejo pelos seus medos"


Elementos


Ar
Fixar

Mar
Afundar

Queimar
Tardar

Aterrar
Asfixiar


Tornar

Um

Olhar




segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Tocar

Tocar o outro
Sem palavras
Sem gestos
Sem movimentos
Sem sílabas
Sem pronúncios
Sem poesias

Tocar o outro
É transbordar a presença

Tragar

Da vida
Tenho fome feroz

E da sede
Que ela tem de mim
Sou submersa

Nas nuvens encontro
A fumaça
Que eu trago a vida


Ofício

O beijo
Que você me deu
Rema mais fundo
Do que o meu

O beijo que você perdeu
Dá mais trabalho
Obra da escolha
Tocou no eu

Viés

Ás vezes
Saio da análise
Tomo o caminho 
Mais longo
Ao invés
Do mais curto

Ás vezes
Preciso de mais ruas
Pra me espaçar

Três coisas sobre ele

Daquele encontro
Duas ou três coisas
Eu diria
Uma delas
Substantivo primeiro
Seu cheiro
Ele não saberia que cheiro não se compra em perfumaria
Nem se pega por empréstimo de alguém
Cheiro é sexo
É carne que não se mastiga
É um gosto que finca na saliva
Da segunda ele não desconfia
Um deslize
Demarcar território em corpo impreciso
Ao tentar capturar
A altitude do voo
À dimensão da perda
Ele insistia em determinar
Lá pelas tantas
Eis a terceira
Me serviu uma fatia de Ato falho
Uma queda no meu olhar
O pássaro de asa amputada

Me disse: "as certezas me pescam"
E eu fiz
Uma dança
Em homenagem ao desencontro



Devir criança

Há momentos da vida
Em que nos roubam a poesia
Vamos perdendo a simplicidade

Casas grandes
Lugares sociais
Idealismos superficiais

Do destino da vida
 Só teletransportamos
Nossas crianças animais

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Despertar

As flores 
Inauguram em mim
O desejo de desabrochamento

No florescer da vida
Me admire
Me sinta
Me cheire

Não arranque minhas pétalas
Em meus espinhos
Sustento minhas malícias






BARBA

Sua voz
Provoca ruídos em meus ouvidos
Que só se atentam
Pro que a palavra esconde

Faça uma visita ao meu corpo
Quero o seu gosto
Misturado com meu cheiro

Quero sussurado 
O toque que tange
O meu grito mais desmedido