sábado, 3 de setembro de 2022

 

Em mim a que escreve: quer-me testemunha de sua presença


Pisco algumas vezes

Em tateantes pálpebras 

Que ainda não se abrem


Ao sonoro sopro

Das imagens perdidas 

(esmiuçadas pelas salivas ante as águas dos olhos; em sal)


Entre-ver

Como quem nega o já visto

Como quem corre-deseja 

Desvios


Vestir-se das penumbras que desmoronam

Ao redor

E sustentar o olhar na fechadura 

Que restitui escombros



VOZES

Poderiam dizer-nos que ressoam
Sob à a espécie de corpos
Sutis

Derivam sobre as promessas
Fazem nomeações
Mas não
Soletram gestos inomináveis

Que há dias que mal acordo para a escuta
— À essas

E por isso
Os poros sussurram
E então posso dar ouvidos
Aos estremecimentos da pele