terça-feira, 2 de outubro de 2018
Cicatrizes
Quando nasci de verdade, nunca enderecei essa escrita a alguém: Sou da família de esquecimentos. Mulheres, deslembravam os lugares. Robustezas. Não gozar de sua época. Histórias vívidas, para o futuro. Para gerações, para os porvires. Meu corpo se transporta para o verde, para a imensidão de um outro tempo. Um lugar dado. Rio, mata, silêncio. A quebradeira de água. O corpo seguindo o rio, o rio formando o corpo. Marcas constituintes de um corpo que tudo se dá. Entorna. Não conforma. A liberdade em se narrar já veio autorizada. A presença de uma avó muitas vezes subverte. De um gesto que introduz, legados. Ainda trago na memória um afeto livro. Os símbolos, que se inscrevem entre os corpos. Os olhares, as despedidas. O que nunca morre. O que vive em ato. As crianças são correntezas vívidas. Só correm com o que toca. A travessia da ponte. Janela aberta de mundo, desbravar enchentes, nadar entre pedras. Marcar os pés nas areias é imprimir sem se perpetuar. Afirmar a cada vez, o tamanho dos passos. Na roda o pulo mais alto é aquele que pulsa. Os pés são molas que a gravidade convida a se lançar. O taxamento a um corpo hiperativo apenas urge como uma série no mar; os desejos afogam ou emergem. Essa é sua metáfora. A batida do tempo convida os cabelos a dançarem com o ar. Vai e vem. Eis o tornado, tornar-se um corpo outro que só queria ser umbigo. Há um cordão em nós que não se corta. Ele sobrevoa. Para enxergar o que deixou e o que o torna pássaro. As heranças são como pés, que caminham por si, sempre partindo de algum lugar. De tudo que uma memória poderia apagar, é do vívido a marca de um corpo que tudo faz incorporar.
quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
SELVAGEM
Na mata correm
Outras leis
O desejo é imoral
Uma emoção
De Eu
Irracional
Experimentar Ser bicho
Com eles liberar
Tais instintos
Não castrados em pulsar
O que em nós é vívido
Outras leis
O desejo é imoral
Uma emoção
De Eu
Irracional
Experimentar Ser bicho
Com eles liberar
Tais instintos
Não castrados em pulsar
O que em nós é vívido
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
Pó
Máquina
Sujeito
Concreto
Vento de poeira negra
Um pensamento invisível
Marginal voo de superfície
Desejo cimento
Caminhar Cinza
Um corpo cor de sangue
A cidade é partida
Mundo venta
Te quero pássaro
Sujeito
Concreto
Vento de poeira negra
Um pensamento invisível
Marginal voo de superfície
Desejo cimento
Caminhar Cinza
Um corpo cor de sangue
A cidade é partida
Mundo venta
Te quero pássaro
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