segunda-feira, 18 de maio de 2020

NERVURA


Por toda parte

Veias vermelhas

À procura de bifurcações

 

As lâminas da vida

Fatiam agora

Desejos antes

Interrompidos

 

Sobre ruas concretas

Seios abertos

Invadem

Certezas Amórficas

FLOREIO



Desemboto feito flor 

Que é quando

Me abro

Para aquilo

Que

 Me olha

APETITE




Tenho fome
Da fome

Que fome a vida
Faz

Faz a vida da fome
Devorar-me

Quando apenas queria
A
Ser causa



O desejo é uma companhia
Que nunca viaja




O trem passa
Nos transpassamos
As memórias convocam
A viagem

Estar sozinho
Totalidade da paisagem
Sob os trilhos
Onde tudo
É

Há um hiato
No deslocamento
Que anda por si

quinta-feira, 14 de maio de 2020

TOPOGRAFIA FÉRTIL


No ventre do mundo
Um ano fecundado
Sofre contrações

Uma ânsia gere
Um cotidiano aceso
Sob a feitura de palavras
Que ardem
Mas não queimam

O dia irrompe
Por uma bolsa quente
Invólucro de sílabas
Que supõe andar

São as calçadas que alimentam
Os verbos
Que mastigamos

Os porvires de um tempo
Mudam as coisas de lugar
As novas posições emudecem

Um corpo cidade
Urge
 Sob o seio
Da Mátria

Há uma boca
Feita de diáspora
Ancestral
Que canta
Para quem desperta

De um sonho matinal
Amanhecer
Amanhã
Ser
Mulher