terça-feira, 11 de agosto de 2020

ESTORVO

 

Um contratempo

Explodiu em meu rosto

Um vulcão dentro

Jorra sua lava

O espelho me mostra

O “Isso

Que já não consigo escapar

Um buraco de angústia

Ela que me persegue

Ela que eu não queria ver

Ela que eu não queria saber

Ela que agora

Escancara-se a mim

A outros olhos

Que me olham nela

A expurgo ou permito que saia em seu tempo?

Decido tocá-la

Faço força

Para que saia do meu olhar

A encaro tete à tete

Ela não sucumbe à pressão

Cresce maior

Percebo que ali algo persiste

Algo logo ali

Contém o mundo

Que sinto

Eu sinto

Por me sentir assim

Tudo sente aqui

Latente

Um quase tudo que não impele

Hoje em dia ela dá

Dá as caras

E se mostra

Para fora

Por

Um contratempo

Que anda

Explodindo

O meu corpo

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