quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Aos palhaços

Palhaços...
De qual graça é a graça que o torna?
De qual graça é a nossa graça?                                                          
Em qual graça se habita sua defesa?
Em qual graça afirma sua forma de beleza?
Em que graça mora tua fome?
Em que graça a graça é a tua graça?
Em que graça recolhemo–nos na nossa falta de graça?
Em que graça desacorrentamos-nos?
De onde surge a graça em que burburinhamos para nos confortar?
De onde surge a graça que sucumbimos para nos tapar?
Palhaço é tu porque nos vacina terceiro olho?
Palhaço é tu que nos traz graças em desencanto?
Palhaço é tu que tem que se fantasiar para se humanizar?
Palhaço é tu que ao ir embora ainda o estamos carregando?
Palhaço é tu que nos traz calor em meio a nossa divina frieza ?
Palhaço é tu que nos aviveis com punhaladas no peito?
Palhaço é tu que faz brilhar a própria insanidade?
Palhaço é tu que bate asas enquanto ficamos presos ao seu espectáculo de risos?


Palhaços somos nós entre quase e o negado.
Palhaços somos nós amando em desafago.
Palhaços somos nós; desmascarados.


Clara Lobo 

2 comentários:

  1. Nunca havia pensado desta forma.. O palhaço se justifica e se guia pela sátira ao próprio homem.. É quase como dar asas e libertar o lado insano que todo humano tem em si, para enfrentar um msm debate sob outras dimensões e formas de se pensar. Todos temos nosso lado palhaço, mas a maioria prefere esconder e julgar-se séria e sóbrio. O palhaço representa a quebra de paradigmas, de rotinas, da futilidade e da monotonia.

    ResponderExcluir