quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O andar do bêbado

Atravessou a rua que o atravessava
Em passos largos, cruzava seu passado


O céu sob a cabeça
O legado sob os pés


Sua pureza era sadia
Orquestrava melancolia; 
Seu ocaso.


Mal disse os olhos uma gota
De saudade, de conhaque


Em seu ventre paria o abismo
Desse solo não pertencente


O finito não vingou
O pressagio sustentou:


Ai moram todos nossos demônios.





4 comentários:

  1. Lindo o poema. Tenho a impressão de algumas vezes já ter visto este ser errante por aí, no meio das madrugadas amarrotadas.

    ResponderExcluir
  2. Esse ser errante, é o espírito que encarna em nossa amiga!
    Em algumas noites esse espírito aflora!
    E espero nessa minha amiga, apenas coisas boas aflorem!

    ResponderExcluir
  3. Alguns tem sob os pés a nuvem
    E sobre a cabeça o chão

    Pressa é angústia
    Nostalgia aprisiona

    A clareza confunde
    Desmascara o desinteresse
    Presume

    Molhar e enxergar
    É olhar e encharcar

    A direção conteúdo
    A arte parte

    Do partido o insaciado
    Do prenúncio à pretensão

    Nem tudo que vive tem vida

    ResponderExcluir
  4. aiii.. adorei!" Em seu ventre paria o abismo
    Desse solo não pertencente" . gostei desse verso em especial!! gostei muito, lembra nosso amiguinho nietzsche!!

    ResponderExcluir